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Analistas apontam ganhos para a bolsa em 2011
Mercados internacionais em crise, inflação em queda e economia em ascensão criam um bom cenário para se ganhar dinheiro na bolsa de valores brasileira nos próximos meses
Por Flávia Gianini
Varrido o confete da festa da oferta de capitalização da Petrobras, o mercado de ações brasileiro deve seguir em lento crescimento até o final do ano, mas aponta com boas perspectivas para 2011.
Para a Ágora Corretora, o principal índice de ações da bolsa de valores, o Ibovespa, pode alcançar os 86 mil pontos no próximo ano, o que indica um potencial de valorização em torno de 21%. Sendo que, no acumulado de 2010, até 5 de outubro, o índice teve variação de 3,93%.
Em relatório, o Bank of America Merrill Lynch também traçou projeções otimistas para investimentos na bolsa brasileira. O banco projeta 81.000 pontos para o Ibovespa em 12 meses – um potencial de valorização de 14% — baseado na redução do nível global de taxas de juros reais, alimentando a procura por rendimentos em mercados de crescimento sustentável.
Tanto o banco quanto a corretora apostam em uma forte procura dos estrangeiros, especialmente os europeus, por ativos brasileiros para fazer suas projeções. A pujança do mercado nacional, especialmente os setores ligados à infraestrutura, é o que impulsiona esse otimismo.
Para Marco Antonio Melo, chefe de análise e pesquisa da Ágora Corretora, o cerne da questão para o cenário de 2011 continua a ser a enorme capacidade de crescimento dos lucros corporativos, associados à uma corrente de elevada governança, liquidez e maior transparência, explica. A análise da corretora destaca que o Brasil ocupa a segunda posição entre os emergentes com as melhores margens Ebitda (a margem operacional), além de empresas com pagamento elevado de dividendos e uma relativa baixa alavancagem. Tal situação, segundo Melo, permite margem de manobra favorável no caso de cenário de aumento no custo de capital internacional.
Os riscos para o próximo ano não devem ser tão diferentes quando comparados aos que têm afetado os mercados este ano. Entre os fatores mais citados pelos analistas estão a desequilíbrio fiscal da Europa, a fraqueza da economia americana, a deterioração das contas externas brasileiras e o desequilíbrio monetário causado pela desvalorização do dólar. “Não acreditamos, a princípio, que estes fatores de risco, associados ou não, possam manchar o prêmio previsto de renda variável versus a renda fixa em 2011”, afirma Melo.
Setores promissores
Entre os setores mais promissores, a aposta unânime dos analistas é o segmento de mineração. O Bank of America Merrill Lynch reclassificou o setor como acima da média do mercado no seu portfólio de investimentos no Brasil. Para a corretora Santander, além dos setores ligados a commodities, os segmentos ligados a infraestrutura também se destacam. “Construção está bem, mas deve se desenvolver muito ainda. Telecomunicações é um setor barato que tem tudo para se valorizar acima da média, se as empresas resolverem as questões de governança. E o setor bancário deve continuar em ascensão”, analisa Hugo Azevedo, superintendente de estratégia de varejo e private bank da Corretora Santander.
Fonte: ISTOÉ Dinheiro
Bancos e investidores estrangeiros já ensaiam retorno para a Bolsa
Adriele Marchesini
SÃO PAULO – A queda quase que generalizada do mercado de ações brasileiro em 2008 – situação essa causada, principalmente, pela debandada recorde de investidores estrangeiros, que somou R$ 24,629 bilhões – fez com que instituições financeiras brasileiras reduzissem suas aplicações em renda variável ao menor nível anual da história. Conforme dados divulgados pela BM&F Bovespa, a participação de bancos e outras empresas do segmento nos negócios totais foi de 7,8% pela média. É a primeira vez que o índice encerra um ano abaixo de dois dígitos desde o início da série histórica do levantamento, datado de 1994. No ano anterior, a participação havia ficado em 10,4%. Mas com melhores oportunidades e um certo fôlego verificado nos primeiros dias do ano, a expectativa é que haja uma retomada dessas aplicações, assim como dados apontam para uma tendência de retorno do capital internacional: nos três primeiros dias úteis do ano, o Ibovespa – que mede a variação das principais ações negociadas – já acumula recuperação de 12,68%, depois de cair mais de 40% no ano passado.
“A diminuição do apetite das instituições financeiras por ações se agravou mais da metade do ano em diante, à medida que a situação externa evoluiu negativamente. Elas tiveram de ser mais conservadoras em suas posições”, explicou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. Os números demonstram essa situação. Em agosto, a participação estava em 9,8% do total. No mês seguinte – período no qual a crise financeira internacional se agravou, após a concordata do Lehman Brothers – a fatia foi reduzida para 7%, caindo para 6% em outubro e atingindo sua mínima, de 5,4%, em novembro. No último mês do passado, a situação mostrou sinais de recuperação, quando a participação aumentou para 6,2%. A tendência é que esse movimento de retomada dos investimentos continue. “Os preços dos Treasuries (títulos do Tesouro norte-americanos) acabaram se sobrevalorizando por conta da forte procura”, continuou Campos, indicando que esse tipo de aplicação perdeu gradativamente sua atratividade – quando mais caro se paga pelo papel, menor é o retorno dos juros que já são extremamente baixos nos Estados Unidos, flutuando entre 0,25% e zero. Além disso, conforme apurou o DCI, os altos lucros dos bancos com operações de títulos e valores mobiliários vistos ano passado tendem a não se repetir em 2009, exatamente por conta da renda fixa, que foi vista ano passado como a aplicação com melhor custo-benefício. O motivo são as perspectivas de queda na taxa básica de juros da economia, a Selic, hoje em 13,75% ao ano. Para se ter uma ideia, dados do Banco Central mostraram que, em 2008, esses ganhos mais que dobraram pela média dos cinco maiores bancos do País.
“Como a Bolsa sempre antecipa os movimentos, as notícias ruins que continuam aparecendo já estão precificadas. Então, as aplicações em ações voltam a se tornar uma alternativa viável”, ponderou Campos, levando em consideração o baixo preço dos ativos. Professor da ESPM e gerente de Projetos Comerciais de um banco com porte considerável, Oswaldo Pelaes Filho adiciona uma variável a essa lógica. “Muitas instituições também deixaram de aplicar em renda variável porque, com a escassez de linhas de linhas interbancárias, precisaram utilizar os recursos para sua atividade-fim, que é a concessão de crédito”, ponderou. “Dessa maneira, com a recuperação das linhas e com ajuda do governo federal, novamente os bancos vão ter um caixa excedente, não tão grande quanto em 2008, e vão voltar a aplicar”, adicionou.
Os dados também mostram que o movimento de debandada dos investidores internacionais – os principais negociadores do mercado, com 35,5% do toal – dá sinais claros de desaceleração. Em outubro, saíram R$ 4,7 bilhões do mercado brasileiro, cifra reduzida para R$ 1,15 bilhão em novembro e, finalmente, para R$ 440 milhões no último mês do ano. “Esses investidores começam a perceber que a rentabilidade da renda fixa cai. Então, para melhorar seus rendimentos, voltam a aplicar em ações”, explicou Keyler Carvalho Rocha, professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA). “Percebeu-se que o potencial de crescimento das ações brasileiras são muito melhores que de outros países”, continuou. Campos Neto, do Schain, lembrou que desvalorização de aproximadamente 30% do Real frente ao dólar no ano passado reforça o ganho da estratégia de buscar o mercado brasileiro. “Os próprios preços em Real estão menores, o que aumenta a atratividade”, afirmou. “Mas o fato de estarmos passando por um momento positivo não descarta novas oscilações”, finalizou.
Boletim divulgado ontem pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostrou que, no acumulado de 2008, a captação de recursos no mercado de renda variável somou R$ 34,882 bilhões, 55% a menos do que os R$ 75,5 bilhões registrados em 2007. A cifra, contudo, ainda é 10% maior do que os R$ 31,3 bilhões verificados em 2006.
Do volume emitido no ano passado, R$ 7,8 bilhões foram oriundos de ofertas primárias de ações (IPO, da sigla em inglês). Nas destinações de recursos feitos por meio dessas operações, destacou-se a aquisição de participação acionária, representando 56,3% do total. Em segundo lugar, veio a necessidade de capital de giro, com 27,8%.
Conforme a BM&F Bovespa, o valor de mercado das 392 empresas brasileiras de capital aberto encerrou o ano em R$ 588,5 bilhões, com um recuo de 55% frente ao R$ 1,293 trilhão contabilizado em janeiro de 2008, quando 402 companhias estavam listadas. Nos primeiros cinco dias de 2009, o volume teve um avanço de 8,8%, para R$ 640 bilhões.